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26 de novembro de 2010

16 de novembro de 2010

Mesquinha Vida

Pobre ser que a vida leva
Seus resquícios se apagaram
Pelo caminho que o destino
Te arrastou


Serena alma que a luz deixa
Seus ouvidos clamam de agonia
Pelo vasto vale da escuridão
Te cerrou

Valente espírito que o vento sopra
Seus sentidos cessaram
Pelo horizonte distante
Te abandonou

Simples corpo que o frio aflige
Seus olhos se fecharam
Pelo vácuo inexistente
Te lançou
Sou

Ouço um canto sofrido
Um sombrio ruído fraco
Sou o fogo que atila azul
No vento que o mar sopra
Não sei o que sou
Talvez um peregrino pobre
Que sela seu ventre com a visão
De um distante horizonte
Sou a melodia que soa
Das entranhas de uma rocha
Ferida pela poeira das flores
Que exalam o perfume
Ao crepúsculo dos olhos
Não sei o que sou
Talvez a pureza das mãos
Que erguem o enoitecer
E colhem as estrelas
Ou a perversa frieza
De um arrepio na alma
Congelando o som dos ouvidos
Perde-se a beleza das pedras
Alvas como a neve gélida
Não sei o que sou
Talvez a areia pisoteada
Pelos pés da brisa marinha
Ou o eclipse que veste a noite
E inudece a lua cheia
Meu lar


Ergo os olhos e eis que vejo
O fim da vida num palco negro
Lágrimas de quem ficou
Será de tristeza por quem foi
Ou de agonia de ter ficado
O ventre da terra me espera
A poeira do chão será meu céu
A beleza das árvores
Agora me são as raízes
As mãos sobre o peito
Amarram minha alma
Dentro de meu corpo gelado
E sufocam meu espírito
Amargo e insensível
Na escuridão de um sepulcro
E na frieza de uma sepultura
Descanso meu coração intumescido
Minhas narinas respiram o odor
De minha pele ressequida
Como é injusta a morte
Devassa como a solidão
De uma caverna enoitecida
Meu lar agora é sombrio
Onde não se pode nem gritar
Pois o clamor não é ouvido
E as lágrimas não matam a sede
Redentor


Quem é este que amou
De uma vez o mundo
Tão grande amor O levou
A um tormento profundo
Do mais alto trono desceu
E viver na Terra veio
No ventre da simplicidade nasceu
Assim cortou a História ao meio
Caminhou sobre o seco pó
Cercado por multidões
Muitas vezes esteve só
E elevou ao Pai suas orações
Sobre os ombros uma missão
Um alto preço a pagar
Ser como ponte na separação
Pai e filhos a reconciliar
Com um beijo traído
E julgado pelo o que não cometeu
Do seu próprio povo escarnecido
Carregou um peso que não era seu
Moído pela iniqüidade
E crucificado pela transgressão
Diante pecado da humanidade
Ainda expele seu perdão
Pai, meu espírito Te entrego
Nas tuas mãos quebrantado
Desfaço o julgo que carrego
Tudo está consumado
As trevas engolem o dia
A Terra assim se escurece
O homem, então, reconhecia
O mundo não o merece
Mas três dias se passaram
E a pedra do sepulcro rolou
O seu corpo procuraram
Porém, nada se encontrou
Não está entre os adormecidos
Aquele que ressuscitou
Surgiu entre seus escolhidos
E as mãos furadas mostrou
Subiu para o céu em glória
E sentou-se no trono de luz
Selou sua grande vitória
Eis a destra de Deus, JESUS
Visão dos olhos cansados

Bela moça que se banha
Nas águas doces do rio
Desliza sobre a pele lisa
As mãos delicadas
E as gotas rolam pelo corpo
Suavemente numa corrida
Ao seio das águas
Belos cabelos negros
Longos e lisos
Desenham a beleza do rosto
Como uma sereia
Deleita-se em lavar-se
Nas correntes de cristalinas águas
Frias e agradáveis
A mais bela imagem
Que meus cansados olhos já viram
Seu corpo desnudo
Mergulhado entre as pedras
Banhando-se serena à vista
Sua formosura é por natureza
E a força da água não pode levar
Submerge-se ao ventre do rio
A enxaguar-se lentamente
Vejo-te bela moça
Não hei de esquecer-te
Amada por minha visão
Compadeço-me de quem não pode ver
E não pode contemplar-te
Bela moça que meus cansados olhos já viram
Terror da noite


O ar sopra seu vento frio
E remove as cinzas do chão
Vejo um regato, a brisa me beija
Meus pés caminham desde a poeira
De ossos secos, queimados ao fogo
Viro, reviro, retiro
O crisântemo que a chuva regou
Sepulta os olhos enfadados
Que se fecharam para o medo
De se erguerem na sinistra noite
Lar da escuridão ferida pela luz
Alva como lã que aquece as mãos
Os ladrilhos são pisoteados
Pela soberania da majestade
Das estrelas mais reluzentes
O brilho da lua cessa-se
Não há mais aquela visão
Fora delimitada pelo escuro
O senhor da noite
O arrepio dos olhos atentos
Selados estão os sonhos
Dos inocentes seres pequeninos
Que caminham errantes
E sozinhos pelas veredas
Perversas e sombrias
Desenhadas pelas mãos do terror
Salvem-se, almas condenadas
Tenho somente o poder de observar
O pânico no respirar ofegante
E o medo no semblante notório
Teatro – Consciência Negra

Personagens :

Professora Ruthe;
Jorge (pai de Lia);
Joaquim (pai de Bia);
Lia;
Bia;


Cena 1 – Lia destrata Bia por ela ser negra.
Bia deixa seus materiais em cima da carteira e sai da sala. Lia, então, lança seus materiais no chão e coloca os seus no lugar de Bia. Quando ela chega e vê suas coisas no chão e outra mochila no lugar começa a confusão.

Bia – Mas o que é que aconteceu aqui? De quem que é essa mochila? E quem jogou minhas coisas no chão?
Lia – Para que tantas perguntas, menina? Eu só acho que você não tem o direito de sentar na primeira carteira. O primeiro é o MEU lugar!
Bia – Eu não vi nenhum nome escrito nessa carteira. E por que eu não posso assentar aqui?
Lia - Eu não te devo satisfações. Para mim você nem deveria estar nessa faculdade. Isso aqui não é lugar pra qualquer um.
Bia – O quê que eu fiz pra você me odiar tanto?
Lia - Chega de papo. Já perdi muito tempo com você. Vai lá pra trás que é o seu lugar.
A professora Ruthe chega e percebe o desentendimento.
Ruthe – O quê que está acontecendo aqui? É uma briguinha entre duas adolescentes?
Bia – É essa garota que jogou minhas coisas no chão pra colocar as dela. E disse que eu deveria me assentar lá atrás.
Lia - Mas é claro que sim. Eu vou me sentar aqui e o lugar dela é lá.
Ruthe – Mas por quê?
Lia – Por que sim.
Ruthe – Eu vou chamar os pais das duas aqui. Iremos resolver isso rapidamente.

CENA 2 – Os pais de Lia e Bia chegam à escola atendendo o chamado da professora Ruthe.

Ruthe – Olha senhores eu os chamei aqui para falar sobre uma briguinha que suas filhas tiveram hoje. Tudo por causa de uma carteira.
Joaquim – Mas como é que aconteceu exatamente?
Ruthe – Olha quando eu cheguei na sala a Bia estava dizendo que a Lia havia jogado suas coisas no chão para ficar com o seu lugar.
Joaquim – Mas foi assim mesmo que aconteceu?
Bia – Foi sim pai a própria Lia me disse que tinha feito isso.
Ruthe – O que você acha de tudo isso Jorge?
Jorge falando ao telefone – Mas eu sei que ele é capaz de fazer isso. Não disso eu já não sei...
Ruthe o interrompe.
Ruthe – Senhor Jorge eu lhe fiz uma pergunta.
Jorge – Hã...Qual...?
Ruthe – O que você acha de tudo isso?
Jorge (fala desajeitado) – Ah é um absurdo!
Volta a falar no celular.
Joaquim – Qual é o motivo que te leva a pensar que a minha filha não pode sentar aqui?
Lia – Ela é negra. Deve sentar lá atrás.
Joaquim – Isso que é um absurdo.
Jorge – Ta vendo eu tenho razão.
Bia – Isso é crime. Sua racista!
Lia – Você que é estranha.
Joaquim – O senhor não vai falar nada sobre o que a sua filha disse?
Jorge – O quê? Ah, pare com isso Lia é muito feio.
Ruthe – Já chega! Lia se desculpe com a Bia, agora.
Lia – Eu não...
Bia – Não tem problema professora. De pessoas assim nós temos que ter pena. Com certeza ela é assim porque o pai dela não te tempo pra ela. Daí ela vem descontar nos outros. Eu a pedoou.
Lia sai correndo e chorando da sala.
Ruthe – Senhor Jorge... Sua filha se foi.
Jorge – Hã? Minha filha... Ah sei... Lia...
Joaquim diz para a filha – Olha filhinha independente do que os outros pensem eu sempre te amarei querida. Você é muito especial pra mim. Saiba que por onde houver discriminação eu estarei com você para ajuda-la a superar essa covardia.

Ruthe diz ao público – A Consciência Negra é um movimento muito importante para a sociedade hoje. Respeite seu próximo, pois o que vale nele é o seu caráter e não sua cor de pele.