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16 de novembro de 2010

Meu lar


Ergo os olhos e eis que vejo
O fim da vida num palco negro
Lágrimas de quem ficou
Será de tristeza por quem foi
Ou de agonia de ter ficado
O ventre da terra me espera
A poeira do chão será meu céu
A beleza das árvores
Agora me são as raízes
As mãos sobre o peito
Amarram minha alma
Dentro de meu corpo gelado
E sufocam meu espírito
Amargo e insensível
Na escuridão de um sepulcro
E na frieza de uma sepultura
Descanso meu coração intumescido
Minhas narinas respiram o odor
De minha pele ressequida
Como é injusta a morte
Devassa como a solidão
De uma caverna enoitecida
Meu lar agora é sombrio
Onde não se pode nem gritar
Pois o clamor não é ouvido
E as lágrimas não matam a sede

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